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Câmara de Ribeirão Branco barra pedido de explicações sobre prontuário exposto por Tuca Ribas

“E se fosse o filho de vocês?”, questiona vereador. Base do governo rejeita requerimento que cobrava esclarecimentos do prefeito sobre divulgação de dados médicos.
Mesa Diretora da Câmara Municipal de Ribeirão Branco – Foto: Reprodução

A Câmara Municipal de Ribeirão Branco rejeitou, nesta segunda-feira (12), o Requerimento nº 004/2025, de autoria do vereador Ronaldinho Fiscal do Povo (PT), que solicitava explicações formais do prefeito Tuca Ribas (PP) sobre a divulgação do prontuário médico de uma criança em seu perfil pessoal no Instagram. O caso, que gerou repercussão regional, foi revelado com exclusividade pelo Diário de Ribeirão Branco.

O requerimento buscava respostas sobre como o prefeito teve acesso ao documento, se houve autorização da mãe, e se o ato teve respaldo jurídico. Também questionava se há rotina de acesso a prontuários por agentes políticos na gestão municipal.

Mesmo diante da gravidade do tema, a maioria da base aliada do prefeito votou contra o pedido de esclarecimento.

“Se eu fizesse isso, o que fariam comigo?”

Vereador Ronaldinho Fiscal do Povo (PT), durante a 7ª Sessão Ordinária do 1° PERÍODO 2025, na Câmara Municipal de Ribeirão Branco – Foto: Reprodução Redes Sociais

Durante a palavra livre, o vereador Ronaldinho Fiscal do Povo criticou a rejeição e ressaltou que o ato não pode ser minimizado:

“O povo tá vendo. Eles que tirem as conclusões. A minha parte eu tô fazendo.
A única coisa que eu queria falar: e se fosse o filho de vocês? E se eu, como vereador, pegasse o prontuário de um filho de vocês e tornasse ele público, o que vocês fariam comigo?
Do mesmo jeito que eu não posso fazer isso, ele como prefeito também não pode.”

O vereador ainda anunciou que pretende levar o caso ao Ministério Público:

“Agora, juridicamente, vou encaminhar ao MP a negação desse requerimento. E vamos aguardar a resposta.”

Voto contrário da base governista

A proposta foi barrada com os votos dos seguintes vereadores da base:

  • Adriano Souza (PL)
  • Bruno do Cidão (Podemos)
  • Priscila Camargo (PL)
  • Tuca Teixeira (Republicanos)
  • Nena da Neuzona (PP)
  • Marcio Varandão (PL)
  • Mauri (PSDB)
  • Flávio da Agricultura (PP)

Justificativas da base: “Conversa” e “rede pessoal”

Vereador Adriano Souza (PL) durante a Palavra Livre – Foto: Reprodução das Redes Sociais

Durante a sessão, Adriano Souza (PL) foi o primeiro a justificar o voto contrário:

“Acredito que uma boa conversa poderia amenizar a situação. A prefeitura está de portas abertas. Por isso voto contra.”

Tuca Teixeira (Republicanos) argumentou que o conteúdo foi publicado em um canal pessoal do prefeito:

“O prefeito usou as redes sociais pessoais dele. Meu voto é contra.”

Oposição cobra transparência e respeito à lei

A vereadora Virgínia Macahdo (Podemos), que votou a favor do requerimento, questionou o silêncio do Executivo:

“Quem não deve, não teme. Custava explicar? A gente também é cobrado nas ruas, e não temos acesso a nenhum dado. Sempre fomos deixados de fora das reuniões.”

Ela reiterou que não se trata de embate político, mas de responsabilidade institucional:

“Se tiver que fiscalizar, eu vou fiscalizar. Fui eleita pra isso.”

Contexto: exposição de dados e direitos violados

O caso se refere à divulgação, pelo prefeito, de dados do atendimento médico de uma criança de 1 ano, em resposta a uma crítica da mãe do menino, Maiara Fernanda de Oliveira Paz, sobre demora no atendimento no Hospital Municipal. A postagem incluiu nome, horário de triagem, tipo de medicação e exames realizados.

Jurista ouvido pelo Diário afirmam que a conduta pode configurar violação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e do Código Penal. A mãe afirmou ter se sentido exposta e estuda medidas judiciais.