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A pausa que nos devolve inteiros

Entre cobranças e feeds perfeitos, um convite à pausa: desacelerar também é viver.
Ilustração

Mais uma semana, leitor da nossa coluna do Diário de Ribeirão Branco. Não precisa ter pressa, nem fingir que está tudo certo. Vamos conversar como dois amigos que se encontram no meio do caminho e decidem descansar um pouco antes de seguir. Acomode-se como melhor lhe convir. Hoje, quero que a gente desacelere, porque já tem gente demais no mundo dizendo que a vida é uma corrida — mas não é.

Vamos nos desintoxicar um pouco?

Nas redes sociais, parece que todo mundo vive feliz, comendo nos melhores lugares, viajando, sendo produtivo o tempo todo. É gente sorrindo, com a vida perfeita, como se não existissem dias ruins. E nós? Onde ficamos nessa história?

A pressão para sermos mais produtivos, melhores e sempre impecáveis é surreal. Por todos os lados aparece alguém ensinando “como ter sucesso” ou “como viver certo”. Mas a verdade é que essa avalanche de cobranças, somada ao bombardeio de informações, não faz bem para ninguém.

Trabalhe, estude, malhe, leia, durma bem, cuide-se, não abaixe a cabeça, beba água… ufa! Só de listar já cansa. Ei, corredor, chega aqui comigo: você não precisa ser o melhor em tudo. Não precisa estar bem o tempo todo. E, por favor, não compare a sua vida com a de ninguém. Apenas você sabe onde seu calo aperta. E, caso te julguem, aprenda “A Sutil Arte de Ligar o F*da-se” (indicação de livro).

Permita-se errar. Permita-se sentir. Permita-se chorar. Permita-se não fazer absolutamente nada. Se quiser, saia da dieta. Brinque. Divirta-se. Esqueça um pouco as contas. Veja seus amigos. Ligue para aquele parente que sente falta de ouvir sua voz. Tome um café sem pressa. Olhe o pôr do sol sem pensar na próxima tarefa.

A internet não é o que parece. A vida não é um feed perfeito. A vida real é feita de dias bons e dias ruins, de risadas e de silêncios, de vitórias e também de tropeços.

Se quiser, deixe de ler este texto agora. Desligue a tela, feche os olhos, ouça o som do que está ao seu redor. Respire fundo. Sinta o cheiro da vida acontecendo aí perto de você.

Porque, às vezes, a melhor meta do dia é simplesmente não ter meta nenhuma. E, quem sabe, hoje seja o dia perfeito… só para viver.

E, se amanhã alguém te cobrar produtividade, mostre que você também sabe produzir — mas produzir memórias. Diga que o tempo que você dedicou a viver, rir e sentir foi um investimento. Acredite: descanso não é perda de tempo, é a pausa que nos devolve inteiros.

Hoje eu também estou preguiçoso, e eu precisava disso. Precisava dizer que a vida não é perfeita, mas está tudo bem. Persista, lute, descanse, brigue, grite… mas também durma, cochile, brinque, sonhe e ria. Ria muito.

Como sempre, recebam um abraço fraternal na medida de sua necessidade.

Sobre a Coluna

A coluna de Donizete Furlan será publicada semanalmente no Diário de Ribeirão Branco, sempre com textos que entrelaçam Direito, memória e cotidiano. Um convite ao pensamento crítico com raízes no interior.

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