Produção orgânica ganha força em SP com crédito rural e apoio à transição agroecológica
Impulsionada pela busca crescente por alimentos mais saudáveis e produzidos de forma sustentável, a produção de orgânicos vem conquistando espaço no dia a dia dos consumidores paulistas. Esse movimento, que reflete mudanças de hábitos e maior conscientização sobre a segurança alimentar, também se traduz em oportunidades no campo, fortalecendo produtores rurais que apostam em práticas sustentáveis e colhem ganhos diretos na produção e na comercialização.
Para apoiar esse crescimento, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento oferece suporte aos produtores por meio da linha de crédito Projeto Orgânicos Agro SP, disponibilizada pelo Fundo de Expansão do Agronegócio (FEAP), bem como do Protocolo de Transição Agroecológica (PTA), desenvolvido em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).
Criada em 2025, a linha de crédito reconhece a importância do desenvolvimento sustentável e da segurança alimentar, ao mesmo tempo em que beneficia os produtores e contribui para tornar os alimentos orgânicos mais acessíveis à população.
Investimento que faz a diferença, como conta o produtor Samuel Squarize, que conseguiu financiar um novo veículo, facilitando o escoamento e a venda de sua mercadoria. “Graças a este incentivo, estou conseguindo entregar e vender minha mercadoria, além de reduzir a emissão de CO₂. Esse apoio do FEAP está sendo fundamental para o escoamento da minha produção”, destacou.

“Eu comecei a enxergar uma outra agricultura e passei a buscar como melhorar meu sistema para produzir mais e gastar menos. Hoje, consigo produzir em áreas onde dobrei a produção em relação ao sistema convencional, com manejo orgânico e apenas 15% dos gastos que tinha anteriormente. É uma satisfação enorme, como agricultor, saber que estamos entregando um alimento de alto valor nutritivo”, conta o produtor.
Os valores financiáveis do FEAP Orgânicos Agro SP são de até R$ 250 mil por produtor e até R$ 800 mil para associações e cooperativas. Em 2025, o valor deliberado para a linha foi de R$ 3 milhões. O prazo de pagamento pode chegar a 84 meses, com carência de até 12 meses e, nos casos de implantação de componente florestal, até 120 meses, com carência de até 24 meses. Os juros podem variar entre 2% e 4% ao ano.
O produtor Gregório Martins, que cultiva frutas e hortaliças, também é um dos agricultores beneficiados pela linha de crédito. Certificado há mais de 15 anos como produtor orgânico, realiza seu cultivo em Nazaré Paulista, com produção destinada a feiras na Capital e na Grande São Paulo, além do fornecimento para a merenda escolar em uma escola do município.
Por meio do auxílio do FEAP, Gregório conta que conseguiu financiar um novo veículo, que o auxilia na venda dos produtos nas feiras. “Quando surgiu essa oportunidade de apoio pelo FEAP, fui atrás desse benefício, em razão da minha participação nas feiras na Grande São Paulo. Com esse investimento, pude adquirir um veículo mais adequado. Sem dúvida, essa ajuda é muito importante”, ressaltou.
Os interessados podem buscar mais informações nas Casas de Agricultura do município ou nos escritórios do Itesp.
Auxílio que vai além do crédito
Além da linha de crédito que incentiva o produtor a fazer a transição para a produção orgânica, o Governo de São Paulo também auxilia o agricultor com um protocolo de orientação voltado à adoção de práticas sustentáveis.
Araci Kamiyama é gestora do Protocolo de Transição Agroecológica (PTA), política pública criada em 2016, por meio de um Protocolo de Intenções firmado entre as Secretarias de Estado do Meio Ambiente e de Agricultura, o poder público, a Associação de Agricultura Orgânica (AA) e o Instituto Kairós, representando a sociedade civil, com o objetivo de assistir os produtores no processo de transição da agricultura convencional para o sistema orgânico.
“É um processo que apoia o produtor, trazendo assistência técnica, extensão rural e todo um procedimento para que ele utilize práticas mais saudáveis, como a redução do uso de agrotóxicos, além da regularização da propriedade. Com isso, o agricultor melhora seus processos e passa a ter reconhecimento, por meio do certificado de transição agroecológica, podendo acessar novos mercados”, explicou Araci.
Ela também destacou a importância da linha de crédito do FEAP como incentivo ao produtor rural, afirmando que esse impulso estimula e apoia o agricultor no processo de transição para a produção orgânica.
“Essa etapa da transição do processo convencional para o sistema orgânico muitas vezes envolve aumento de custos, como maior demanda de mão de obra, diminuição da produtividade e manejo ecológico do solo. Por isso, uma linha de crédito como a do FEAP Orgânicos, com juros mais acessíveis, é fundamental para apoiar o agricultor nessa fase mais desafiadora do processo de conversão”, comentou.
Em dezembro de 2025, a Diretoria de Assistência Técnica Integral (CATI) promoveu o 1º Encontro de Agroecologia, na Câmara Municipal de Nazaré Paulista, com o objetivo de dar suporte aos agricultores e à extensão rural agroecológica, articulando a produção de alimentos, a saúde e o bem-estar da população.
Durante o evento, foi entregue um cheque simbólico para Gregório Martins, indicando o apoio do FEAP Orgânicos SP ao produtor e, também, como iniciativa para apresentar a linha de crédito aos demais agricultores.
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