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USP lança projeto Sentir para Conhecer com esculturas impressas em 3D

USP lança projeto Sentir para Conhecer com esculturas impressas em 3D

A Universidade de São Paulo lançou no dia 3 de dezembro o projeto Sentir para Conhecer: Monumentos da USP impressos em 3D, uma iniciativa do professor Paulo Capel, da Faculdade de Odontologia (FO), que transforma esculturas da Universidade em réplicas táteis, ampliando o acesso para pessoas com deficiência visual. O evento de lançamento, realizado no Espaço USP Integração & Memória, no edifício da Reitoria, contou com exposição do artista plástico Rogério Ratão e apresentação da pianista Fabiana Bonilha. A previsão é que o público tenha acesso a parte dessas obras em 2026.

A proposta tem como objetivo tornar os monumentos da USP acessíveis para pessoas com deficiência visual. A ideia consiste em digitalizar as esculturas, convertê-las em arquivos tridimensionais e produzir réplicas em pequena escala, impressas em 3D. Além disso, prevê a oferta de conteúdo histórico e cultural sobre os monumentos, com textos impressos em braile em placas doadas pela Fundação Dorina Nowill, com estudo para a inserção de audiodescrição em determinados pontos das obras também pela interação tátil.

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Capel possui baixa visão há cerca de cinco anos e, desde então, vem se dedicando a ações voltadas à acessibilidade, especialmente na soluções utilitárias, como tecnologias assistivas que facilitam tarefas do cotidiano. Em outubro, atuou como membro da comissão organizadora do 1° Congresso Internacional sobre Deficiências, que reuniu profissionais de diversas áreas para debater temas relacionados à participação social e aos direitos das pessoas com deficiência.

Ele destaca, no entanto, que o Sentir para Conhecer propõe um passo além: “A minha meta sempre foi propor acessibilidade, visando coisas com uma certa utilidade prática. Por exemplo, ajudar pessoas cegas a colocar pasta de dente na escova. O Sentir abarca uma coisa que eu vejo como muito importante, além do utilitarismo, que é a questão do acesso à cultura”.

Em seu discurso, Capel agradeceu o apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP para o financiamento e realização do projeto. Marli Quadros Leite, pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária reforçou a importância da iniciativa. “A PRCEU tem uma meta inerente que está voltada às demandas da sociedade e atender as pessoas com deficiência é importantíssimo”. 

Da esquerda para a direita, os professores: Ignácio Poveda, Marli Quadros Leite, Paulo Capel e Fabiana Lopes de Oliveira. Foto: Alinne Maria Aguiar/PRCEU

A iniciativa tem como base a pesquisa de mestrado de Reinaldo Luiz dos Santos, orientada por Fabiana Lopes de Oliveira, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU) da USP. No estudo, Santos apresentou o potencial da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira para se tornar um museu a céu aberto, a partir das esculturas espalhadas pelo campus Butantã, de artistas famosos como Caetano Fraccaroli, Bruno Giorgi e Rino Levi. As peças mapeadas em sua pesquisa foram disponibilizadas para o projeto, que pretende ampliar esse levantamento e futuramente trabalhar obras existentes em todos os campi da USP.

A execução do trabalho é realizada por uma equipe multidisciplinar. Junto a Santos, outros dois doutorandos da FAU, Tallis Rubens e Élton Kinomoto, realizam o escaneamento dos monumentos por meio de drones e tecnologias de captura a laser, com auxílio do professor Fabiano Garcia, da Escola Politécnica (EP) da USP. Os dados obtidos são processados e convertidos em arquivos digitais no formato STL, que reúne informações tridimensionais necessárias à impressão 3D.

Responsável pela etapa seguinte, Andrei Lescano, graduando de Odontologia, abre esses arquivos em um software específico para impressoras 3D e confere minuciosamente os detalhes para garantir que as miniaturas preservem as características originais das obras.  “O ponto do projeto é a gente sentir para conhecer. Se ele não tem uma boa definição, detalhes importantes serão perdidos”, afirma Lescano.

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Dois novos integrantes, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), se juntam a equipe, o professor Fábio Siviero trabalhará no material produzido em braille e o especialista de laboratório Kelliton José Mendonça Francisco atuará com a automação dos modelos 3D para inserção de audiodescrição ao toque.

Além dos institutos da USP, o trabalho conta também com a colaboração do professor Renato Froch, da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec) e da professora Renata Tonelli, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Fabiana Oliveira ressalta que a iniciativa não beneficia apenas pessoas com deficiência visual, mas também amplia o acesso ao patrimônio artístico do campus. “Todas as ações que vamos fazer servem também para as pessoas que não são deficientes. É uma forma de conhecer os monumentos da USP que muitos passam e não percebem.”

Escultura de Armando Salles de Oliveira, fundador da USP
Escultura de Armando Salles de Oliveira, fundador da USP, localizada na entrada da Universidade; uma das peças escolhidas para ser miniaturizada pelo projeto. Foto: Júlio Bazanini/Jornal da USP

Evento

A cerimônia de lançamento ocorreu no dia 3 de dezembro, data em que se celebra o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. A iniciativa integrou a 15ª edição da Virada Inclusiva, realizada de 1º a 7 de dezembro em todo o Estado de São Paulo. Nesta edição, o tema foi 10 anos da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) — Direito de ser, viver e protagonizar.

Durante o evento, o professor da Faculdade de Direito (FD) da USP, Ignácio Maria Poveda Velasco, assessor especial do secretário de Estado da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, destacou a parceria do órgão com o sistema público de ensino superior do Estado.

Além de detalhar a proposta, a cerimônia contou com a exposição da série Sinus, do artista plástico Rogério Ratão, com três esculturas que exploram formas sinuosas.

“As minhas peças se mostram como um exemplo de material palpável do tipo de fruto que um projeto como esse [Sentir para Conhecer] pode gerar. São réplicas de grandes esculturas que eu não conhecia, a não ser de ouvir a descrição. Agora, podendo tocar, eu conheço a obra como ela é de fato, e isso se torna mais uma referência na hora de produzir as minhas”, afirma Ratão.

Público acompanha o lançamento do projeto Sentir para Conhecer. Reprodução: YouTube/PRCEU

Para encerrar, a pianista Fabiana Bonilha, pesquisadora do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, apresentou três peças ao piano: Valsa Brilhante, Op. 34, nº 2, de Frédéric Chopin; Clair de Lune, de Claude Debussy; e Noite Feliz, de Pedro Sinzig.

De 8 de dezembro a 17 de fevereiro, a série Sinus ficará exposta na antessala da diretoria da Faculdade de Odontologia da USP. Com o início do ano letivo em 2026, as esculturas serão transferidas para a entrada da unidade. A Faculdade de Odontologia está localizada na Avenida Professor Lineu Prestes, 2227, na Cidade Universitária.

Os interessados no projeto Sentir para Conhecer podem entrar em contato com professor Paulo Capel pelo e-mail: paulocapel@usp.br

Com deficiência visual há mais de 30 anos, período que coincide com sua trajetória como escultor, Ratão utiliza a plasticidade do barro em obras concebidas para serem apreciadas não apenas com os olhos, mas sobretudo pelas mãos. Foto: Alinne Maria Aguiar/PRCEU

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