Há gestões que tropeçam na própria comunicação. E há outras que parecem ter assumido isso como método. Em Ribeirão Branco, infelizmente, seguimos convivendo com a segunda categoria.
Nesta sexta-feira (28), o prefeito Tuca Ribas foi à Escola Professora Deisi Machado Correia e a unidades de Campina de Fora entregar cestas natalinas. As cenas que circularam nas redes sociais mostram crianças felizes, servidores animados e um clima de celebração que deveria, por si só, render uma boa notícia. E renderia — se a prefeitura tratasse a imprensa com a seriedade mínima que o cargo exige.
O Diário de Ribeirão Branco fez o que qualquer veículo responsável faria: pediu informações. Quantidade de cestas, orçamento, escolas contempladas, critérios, logística. O básico. O necessário. O que a população tem direito de saber.
E o que recebemos de volta?
Um lacônico “não temos release”.
O problema não é a falta de um release. O problema é a falta de respeito com o cidadão — porque quando a prefeitura se recusa a informar a imprensa, ela está, na prática, se recusando a informar quem realmente importa: a comunidade que paga por essas ações.
E há algo ainda mais grave: a insistência em tratar jornalistas como estorvo. Como se pedir transparência fosse um ataque. Como se pedir dados fosse uma afronta. Como se noticiar as boas ações da gestão fosse um favor e não um dever.
É trágico — e ao mesmo tempo revelador — que, num texto que deveria servir apenas para parabenizar a iniciativa das cestas natalinas, sejamos obrigados a comentar o silêncio oficial como rotina. O prefeito faz sua parte ao entregar as cestas. Mas a prefeitura falha quando esconde informações simples, objetivas e públicas.
Isso não diminui a ação.
Mas diminui o governo.
Se a gestão municipal não consegue compreender que transparência não é opcional, mas parte constitutiva do serviço público, então a falha ultrapassa a comunicação: ela atinge o compromisso democrático que qualquer administração deve honrar.
O Diário de Ribeirão Branco seguirá informando, fiscalizando, elogiando quando houver mérito e cobrando quando houver omissão.
Seguiremos trabalhando — mesmo quando a prefeitura prefere se comunicar apenas consigo mesma.
E seria ótimo, ao menos uma vez, poder escrever apenas sobre a alegria das crianças, sem precisar explicar por que os adultos no poder continuam se escondendo atrás de respostas vazias.
