
Eu não sou capaz de mensurar a dor ou o problema que você está sentindo agora, querido leitor. Isso é algo que apenas você pode dizer, ninguém mais. Mas, às vezes, desabar, conversar e se cuidar é uma saída que nos ajuda a respirar e a nos sentir vivos novamente.
Deixei para escrever sobre esse tema na última semana do mês de forma proposital, pois imagino que, depois de dias difíceis, uma palavra de consolo pode, ainda que de forma humilde, nos trazer melhores energias.
Setembro é um mês para lembrar que cuidar da vida é um gesto diário de amor. O laço amarelo não é apenas um símbolo: é um convite para que cada um de nós olhe para dentro de si e também para o lado, percebendo que ninguém é feito de aço e que todo ser humano, em algum momento, pode sentir-se à beira do limite. Esse é um tempo de acolher — e de ser acolhido.
Segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Psiquiatria em todos os 27 estados da Federação, divulgado pela Agência Brasil, uma em cada quatro pessoas já pensou em suicídio no Brasil. Esse número não é apenas um dado frio: ele revela a intensidade das pressões emocionais, sociais e econômicas que atravessam nossa rotina e que, muitas vezes, silenciam pedidos de socorro.
Todos nós enfrentamos momentos difíceis: problemas financeiros, conflitos familiares, sobrecarga no trabalho, questões de saúde, isolamento. Às vezes, essas dores parecem insuportáveis. Mas é fundamental saber: existem caminhos de cuidado e apoio. Há profissionais, serviços públicos e redes de acolhimento prontos para escutar, orientar e ajudar. O Centro de Valorização da Vida (CVV), por exemplo, atende 24h pelo telefone 188, e cada Unidade Básica de Saúde pode ser uma porta aberta para suporte.
O Setembro Amarelo nos lembra que a vida vale o cuidado. É um chamado à empatia com quem está perto de nós — e conosco mesmos. Prestar atenção em pequenos sinais, oferecer uma escuta sem julgamentos, perguntar com sinceridade “como você está?” pode salvar vidas.
Convido você, leitor, a se conhecer melhor, a reconhecer suas próprias dores e também a perceber a dor do outro. Esse olhar humano é o primeiro passo para transformar sofrimento em esperança.
Se você está passando por um momento difícil, lembre-se: pedir ajuda não é fraqueza, é coragem. E se você convive com alguém que sofre, sua presença, seu silêncio acolhedor ou sua palavra amiga podem ser um abraço na alma dessa pessoa.
A todos os familiares que perderam alguém, nossa solidariedade. A dor é grande, mas não precisa ser solitária. Que possamos transformar esse luto em compromisso coletivo com o cuidado e a prevenção.
Neste Setembro Amarelo, sejamos faróis uns para os outros. Porque, apesar das tempestades, sempre existe saída, sempre existe esperança.
Receba, leitor, como sempre, o meu abraço na medida da sua necessidade.