Planejamento, transparência e previsibilidade: entenda o novo modelo de gestão da água em São Paulo
O novo modelo de acompanhamento e gestão integrada dos recursos hídricos de São Paulo, apresentado pela administração estadual na sexta -feira (24), marca um avanço na proteção dos mananciais e na garantia do abastecimento da população. A nova metodologia permite um monitoramento mais preciso e decisões baseadas em projeções de longo prazo.
O modelo estabelece sete faixas de atuação conforme os níveis de reservação dos sistemas metropolitanos, com ações proporcionais às condições dos reservatórios, considerando seus níveis, afluências, consumo e volume de chuvas. O objetivo é assegurar que medidas de prevenção e uso racional sejam adotadas de forma planejada, gradativa e previsível, evitando pressões repentinas sobre o sistema.
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“Isso é mais uma medida do Estado de São Paulo em prol do planejamento, da transparência e da prevenção, seja dos nossos recursos hídricos, seja olhando também as pessoas, olhando quem mais precisa, e para segurança hídrica do estado”, disse a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende.
As faixas de atuação são definidas a partir de uma curva de projeção de 12 meses. O acompanhamento é feito de maneira contínua pela SP Águas, garantindo atualizações constantes das projeções e segurança na tomada de decisões.

Nas faixas 1 a 3, o foco é em prevenção, consumo racional de água e combate a perdas na distribuição. As faixas 1 e 2 estabelecem o Regime Diferenciado de Abastecimento (RDA) e a gestão de demanda noturna (GDN) de 8 horas, respectivamente.
A faixa 3, onde São Paulo se encontra atualmente, prevê GDN de 10 horas por dia e intensificação de campanhas de conscientização. Já nas faixas 4, 5 e 6, os cenários são de contingência controlada, com períodos ampliados de redução da pressão na rede, por 12, 14 e 16 horas.
Por fim, a faixa 7 está concebida como uma medida excepcional, a ser adotada apenas quando todas as ações anteriores se demonstraram insuficientes para preservar os volumes nos reservatórios. Ela inclui o rodízio de abastecimento entre regiões, com obrigação de fornecimento de caminhões-pipa para apoio a serviços essenciais.
A metodologia estabelece prazos de estabilidade: as restrições só são aplicadas após sete dias consecutivos dentro de uma mesma faixa, e relaxadas após 14 dias de melhora dos indicadores.
Entenda o que acontece em cada faixa:
Faixa 1 (reservatórios em 37,82% a 43,81%): Foco em prevenção, consumo consciente e início do Regime Diferenciado de Abastecimento (RDA).
Faixa 2 (31,82% a 27,81%): Níveis estáveis, mas em queda; implantação da Gestão de Demanda Noturna (GDN) de 8 horas e reforço no combate a perdas.
Faixa 3 (25,82% 31,81%): Cenário de atenção; GDN ampliada para 10 horas e intensificação das campanhas de conscientização.
Faixa 4 (19,82% a 25,81%): Reservatórios abaixo da curva de segurança; redução de pressão por 12 horas e monitoramento contínuo dos volumes.
Faixa 5 (9,82% a 19,81%): Níveis críticos; redução de pressão por 14 horas e priorização do abastecimento a serviços essenciais.
Faixa 6 (-0,18% a 9,81%): Criticidade alta; redução de pressão por 16 horas e controle máximo do sistema para preservar os mananciais.
Faixa 7 (0 a -0,19%): Cenário extremo; rodízio regional de abastecimento e apoio com caminhões-pipa para garantir serviços prioritários.

Economia da água
A metodologia traz metas de economia mensuráveis. Conforme detalhado pela Arsesp, o Regime Diferenciado de Abastecimento (RDA) na primeira faixa representa uma economia da ordem de 2.000 litros por segundo. A transição para gestão de demanda noturna (GDN) amplia esses números, com mil litros economizados a mais a cada 2 horas incluídas.
“Uma GDN de 8 horas resulta em cerca de 7.000 litros economizados por segundo; 10 horas alcançam 8.000 litros por segundo; 12 horas, aproximadamente 9.000 litros por segundo, e assim sucessivamente”, explicou o diretor-presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), Thiago Mesquita Nunes: “É um processo dinâmico e preventivo, que preserva o equilíbrio do sistema.”
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A SP Águas mantém acompanhamento permanente dos indicadores hidrológicos e disponibiliza esses dados à população por meio de um aplicativo em fase piloto e de uma página especial com boletins e relatórios da Sala de Situação. A ferramenta, disponível no site da agência, também traz informações sobre declarações de escassez hídrica da agência e de estado de calamidade pelas prefeituras. Acompanhe o monitoramento aqui.
Resiliência hídrica
A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, destaca que o novo modelo se insere numa estratégia mais ampla de resiliência climática conduzida pelo Governo do Estado. “Desde 2023, estabelecemos uma estratégia climática com governança robusta, ações de curto, médio e longo prazo, sempre com planejamento e transparência”, afirmou. A metodologia está inserida no Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática e no programa SP Sempre Alerta, que coordena políticas de prevenção a eventos extremos e gestão sustentável da água.
Obras estruturantes também têm feito a diferença. A transferência de água do rio Itapanhaú, por exemplo, deve acrescentar 2 mil litros por segundo à capacidade do Sistema Integrado Metropolitano (SIM). “Temos obras que beneficiam mais de 5,5 milhões de pessoas, como as barragens de Amparo e Pedreira, e serviços de desassoreamento em mais de 155 cursos d’água no estado”, destacou Natália Resende. Segundo ela, somente pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos, já foram investidos mais de R$ 650 milhões desde 2023.
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Além disso, por meio do programa UniversalizaSP, coordenado pela Semil, o Governo de SP visa a resiliência hídrica em regiões não atendidas pela Sabesp. “Estamos olhando para todos os municípios, apoiando técnica e financeiramente para reduzir perdas e ampliar a segurança hídrica no território”, afirmou a secretária. O programa oferece linhas de crédito com juros zero para obras de abastecimento, drenagem e saneamento, com carência de até dois anos e prazo de pagamento de até dez.
A nova metodologia também tem caráter educativo, ao incentivar hábitos de consumo sustentável. As campanhas de conscientização, especialmente nas faixas iniciais de atuação, reforçam a importância da colaboração da sociedade para o uso racional da água. Essa integração entre gestão pública e responsabilidade individual é considerada um dos pilares da nova política hídrica estadual.
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