
Caro leitor, é sexta-feira. A noite cai pesada depois de uma semana cansativa, e é nesse momento, entre o trabalho, a família e as aulas, que quero dividir contigo uma reflexão. Talvez o tema soe complicado, mas acredite: juntos conseguimos traduzir conceitos difíceis em palavras que tocam o coração e a vida real.
Hoje falaremos de necropolítica, um conceito desenvolvido pelo filósofo e cientista social Achille Mbembe. O termo resulta da junção de duas palavras: necro (morte) e política. Em linhas simples, significa o poder que o Estado — ou as estruturas sociais — exerce ao decidir quem pode viver e quem pode morrer, quem merece dignidade e quem pode ser descartado. É um conceito duro, mas necessário para compreendermos a lógica de exclusão que atravessa nossa história.
Quando olhamos ao nosso redor, percebemos que não é de hoje que certos grupos sociais foram colocados no lugar da desvalorização. Pessoas com deficiência física, que tantas vezes enfrentaram barreiras além das suas próprias limitações; pessoas pretas, que carregam séculos de escravidão, racismo e violência estrutural; mulheres, que por muito tempo foram silenciadas, vistas como incapazes de decidir sobre a própria vida. E, claro, os pobres — pobres de dinheiro, de acesso à educação, de oportunidades. Esses corpos, essas vidas, foram e continuam sendo os alvos preferenciais de um sistema que privilegia alguns e oprime muitos.
A necropolítica não é apenas uma expressão acadêmica. Ela está nas periferias sem saneamento, nas filas de hospitais sem médicos, nas escolas precárias que não oferecem chances iguais. Está também na violência cotidiana, que escolhe quais vidas merecem ser defendidas e quais podem ser descartadas.
Mas falar disso não é apenas denunciar. É também um convite a olharmos com sensibilidade e coragem para os que nos cercam. O contrário da necropolítica é a vida partilhada: é o cuidado, é a solidariedade que insiste em reconhecer valor em cada ser humano.
Encerrando nossa conversa de hoje, lembro que refletir sobre esses temas não é um luxo acadêmico — é uma necessidade de quem sonha com um mundo menos cruel e mais humano. Que esta reflexão, ainda que simples, sirva para lembrar que você não está sozinho. Estamos todos tentando resistir, sobreviver e construir algo melhor.
Receba, querido leitor, um abraço na medida da sua necessidade. Até breve.
— Donizete