Olá, querida leitora, querido leitor. Escrevo estas linhas iniciais com a alegria de quem vê passar as águas de um ribeirão. É com entusiasmo que recebo o convite do amigo Ricardo Alcantara para inaugurar esta coluna. As ideias borbulham, como água no fogo antes de virar café. Nos próximos parágrafos, tento me apresentar e revelar o corpo-memória que moverá estas páginas.
Sou Marcos Clóvis Fogaça, tenho 38 anos e sou filho desta terra. Nasci em 1987, em uma casa de parto daqui mesmo, acolhido pelas mãos da parteira Leonina. Ribeirão Branco é para mim abrigo e raiz: lugar de aconchego, reflexão e de um olhar que se volta sempre para a cultura e o social. Foi aqui que vivi a infância e a adolescência; aos 18 anos parti em busca de um sonho, estudar teatro. De lá para cá, vieram outros tantos: graduação em Educação Artística, Pedagogia e Teatro; Mestrado e Doutorado em Artes Cênicas. Atuei por quase duas décadas como professor de Arte na rede estadual de São Paulo, inclusive na escola Papa João Paulo II, entre 2009 e 2010. Hoje dirijo a Companhia Engenhoca Teatral, que sempre que pode apresenta espetáculos em nossa cidade, e leciono no Instituto Federal de São Paulo, campus Itapetininga.
Conto essa trajetória porque somos feitos de sonhos – e sonhos, quando partilhados, florescem mais.
É isso que desejo aqui: que esta coluna seja terreno fértil para falarmos de arte, cultura e educação. Que possamos olhar juntos para os fazeres artísticos da cidade como quem prepara a terra para a semeadura, atentos às sementes que já brotaram, às colheitas feitas e às que ainda precisam ser lançadas ao solo.
Ribeirão Branco é chão de arte: no artesanato, na música, na culinária, na cultura popular, nos saberes guardados pelo nosso povo. É preciso dar luz a esses fazeres e pensar: qual o lugar da cultura em nossas vidas? Este espaço será, portanto, uma roda de prosa sobre o que nos forma e nos fortalece. Você vem comigo?
Antes de encerrar, deixo o convite para um café. Minha avó, Olinda Moreira da Costa, preparava um café clarinho e doce. Na sua casinha de madeira, o ritual era sempre o mesmo: um bom dia, um “como você está?” e logo o cheiro do café recém-passado. Esses pequenos gestos ainda aquecem minha memória. Quando a saudade bate, eu e minha mãe Alice Fogaça fazemos um café bem docinho para lembrar da nossa amada Lindica.
Que esta coluna seja assim: um café de afeto, doce ou forte, com ou sem açúcar, sempre acolhedor. Afinal, todos os gostos cabem nesta mesa.
Obrigado pela escuta. Até breve.






