Entre os dias 10 e 13 de dezembro ocorreu, no Rio de Janeiro, o Encontro Nacional de Organizações Não Governamentais, Redes e Movimentos de Luta contra a Aids (Enong). Em sua 22ª edição, realizada pelo Fórum ONG Aids do Estado do Rio de Janeiro, o evento reuniu profissionais de saúde, acadêmicos, representantes governamentais e lideranças da sociedade civil para dialogar sobre os desafios, avanços e estratégias nas respostas ao HIV e à aids.
O evento é realizado a cada dois anos, sendo a instância máxima de deliberação do Movimento Social de Luta Contra Aids. Neste ano, foram discutidas diretrizes e formas de participação da sociedade civil na resposta brasileira à epidemia, escolhidas as representações para as diversas instâncias de articulação, além da avaliação dos resultados das ações do período anterior.
Com o tema: “Lutando para existir e resistindo ao estigma do preconceito, em busca da cura já”, a 22ª edição reuniu cerca de 180 participantes, sendo 122 delegadas e delegados representando a sociedade civil que atua na resposta à aids nas cinco regiões do país e as redes de pessoas vivendo com HIV e aids que compõem a Articulação Nacional de Luta Contra Aids (Anaids).
O diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (Dathi/MS), Draurio Barreira, participou da mesa de abertura. Ele abordou os desafios, as oportunidades e os avanços para a eliminação da aids no Brasil. “A aids, enquanto problema de saúde pública, iremos eliminar nos próximos poucos anos, e a transmissão vertical do HIV já no ano que vem”, afirmou.
Para o diretor, a dificuldade na eliminação dessas infecções e doenças não está na falta de tecnologia disponível. “Não vamos eliminar nenhuma doença fazendo a mesma coisa que vimos fazendo nas últimas décadas. O problema não é a escassez de tecnologia biomédica, e sim os determinantes sociais que afetam a saúde das pessoas”.
Draurio Barreira também informou que, neste ano, o Brasil ultrapassou a marca de 100 mil pessoas utilizando a profilaxia pré-exposição (PrEP). Além disso, a atual gestão tem investido mais no apoio para a sociedade civil, cerca de 30% do recurso discricionário total do Dathi de 2024, sendo um aumento de mais de 50% em relação a 2023.
Além do diretor, outros profissionais do Departamento estiveram presentes no evento. Ronaldo Hallal e José Boullosa, da Coordenação-Geral de Vigilância de HIV e Aids (CGHA/Dathi/MS), participaram da mesa “Determinantes sociais em saúde e epidemia do HIV e da aids: é possível garantir os direitos humanos, o acesso à prevenção, assistência e ao cuidado em contextos marcados por iniquidades e emergências?”. O responsável pela articulação com movimentos sociais do Dathi/MS, Jair Brandão, esteve na mesa “Comunidade liderando: perspectivas e estratégias de sustentabilidade política, técnica, financeira e programática da resposta comunitária”.
Lorany Silva
Ministério da Saúde